quarta-feira, 2 de maio de 2012

Hoje


Que fui feito de sonhos e de um futuro que imaginava ser salvador: isso fui.
Vivi em função desta família, minha família imaginária da adolescência.
Hoje quando vi Alice mexendo bracinhos e perninhas no útero de Manuela deparei-me com o absurdo: meus sonhos realizados.
Lendo assim é meio banal... Mas é justamente essa banalidade que sempre me vestiu... A gente acha que sente diferente... mas não sente... E esse fato de sentir tão intensamente o banal, repetir tantas vezes com tanta felicidade o que ocorre diversas vezes por minuto no mundo, que me faz, hoje, deparar-me com meus sonhos.
SOU PAI!
E o que isso significa para mim, talvez nem eu saiba direito... talvez nem saiba ser Pai direito... talvez nem saiba sentir isso direito... Mas falo com sorriso estampado no rosto que chega a doer: SOU PAI!
Hoje aquela família imaginária que começou a se formar em dezembro de 2010 tem nome: Manuela, Letícia e até novembro virá Alice. O sentimento do mundo todo tenta caber em mim mas não cabe(a cena do saco de Beleza Americana faz todo sentido). Talvez por este fato demorei tanto a escrever algo sobre isso - só de olhar dá pra enxergar tudo isto em mim... queria os olhares de Juliano, Cristiano, Nielison... eles poderiam dizer melhor o que tento com este texto que é acima de tudo, sobre gratidão.
Gratidão a uma vida que se por um lado não foi fácil do ponto de vista familiar, foi repleta de boas amizades que levarei para sempre.
Gratidão a Manuela que me ensinou novamente a amar, a doar-se, a dividir... A Letícia que com todas suas pequenas maluquices irriga meus dias com largos sorrisos e apertados abraços... A minha Mãe e minhas Irmãs... Regina você sabe o tamanho de nós dois!
Gratidão a vida! A Deus!
Hoje ao olhar para Alice me vi em todos os meus sonhos... todos eles realizados no meu olhar encontrando com o de Manuela...
Repetir é a forma de acreditar que moro nos meus sonhos.

sábado, 31 de dezembro de 2011

2012

Ausência...

2011...

Se fôssemos atribuir nomes as coisas: ausência.

E como toda ausência: esperança – esperar mudança.

Essa sequência me dominou, transformou durante o último ano. Muito trabalho (muito trabalho mesmo) e algumas maravilhas cotidianas não vividas. Ciclos realmente encerrados (após 10 anos de estudo – 6 anos de faculdade e 4 anos de residência médica), sonhos dormidos e acordados – a fantasia delirante do sorriso dos olhos castanhos...

Não há do que se queixar – na verdade há muito a se modificar, mas queixar-se: não desta vez.

Espero muito do que há de mim, nisto que sou, nos próximos dias, nos próximos anos...

Amanhã realmente será um novo ano – meu sorriso se tornará completo, como nunca houvera sido... e quantos sorrisos destes não virão ao lado do sorriso dos olhos castanhos?...

Manuela e Letícia: minha vida, minha felicidade – e desde então eu não enxergo mais o beco de Bandeira...

sexta-feira, 11 de março de 2011

1997

Depois de um longo período ausente, retorno retornando ao ano de 1997. Em todas as discussões com os amigos sobre música, sempre alguém cita este ano como um dos que mais foram lançados bons discos... e eu sempre encorpo este discurso. Para nós, que nesta época tínhamos em média 15 ou 16 anos, que vivíamos a música dos anos 90, fica difícil encontrar outro ano em que se tenham tantos bons discos. Para mim, discos marcantes.

Fato engraçado é que na verdade só curtimos o ano de 1997 em 1998/1999.

Cristhiano tinha ido ao Rio de Janeiro nas férias de 1997-1998, e retornou em Janeiro de 1998 com alguns discos na bagagem que tinha lido a respeito numa revista... mostrou-os aos amigos... e aí começa a história... Lembro-me bem eu e ele escutando o famoso "Disco Amarelo do Blur" num sonzinho na casa dele (é bem verdade que a princípio não gostei...)... Mas vamos aos discos:





Ok Computer - Radiohead: Escutar as primeiras guitarras de "Airbag" foi algo muito estranho a quem escutava Iron Maiden na época... Disco que mudou meu gosto por música. "Paranoid Android", "Exit Music - for a film", "No Surprises", "Climbing up teh Walls"... enfim. Isso tudo faz parte do que se tornou meu gosto musical dali pra frente. Se me perguntarem se considero o melhor disco da década de 90: Sim.









Urban Hymns - The Verve: Daqueles discos que Cristhiano trouxe na mala em 1998 esse foi o primeiro vício. Na época a grana era pouca mas gravei este disco num K7 e escutava num walkman direto... "Bittersweet Simphony", "Sonet" e "The Drugs don't Work" eram as principais que se repetiam no fone de ouvido.









Blur - Blur: O "Disco Amarelo do Blur", é assim que até hoje nos referimos a ele... "Song 2" a música número 2 de 2 minutos de duração que tocava em toda boate... A melhor segunda música de um álbum... E talvez a melhor primeira música de uma albúm também: "Betleebum". Sem falar em "Country Sad Ballad Man". Um dos discos mais marcantes.








If You're Feeling Sinister - Belle and Sebastian: "If you're feeling sinister, go off and see a minister, he´ll try in vain to take away the pain of being a hopeless unbeliever"... É assim que me lembro deste disco. Um novo-velho jeito bom de fazer música. Boas melodias, letras ácidas cantadas com tom de canção de ninar... O "Disco Vermelho do Belle". Até escrevi o nome da banda no meu primeiro violão depois de ouvi-lo...







When I was Born for the Seventh Time - Cornershop: O disco mágico que me acalma... Até hoje cumprimento Nielison com um beijo na cabeça e dizemos: "Brimful of Asha"... Este disco bem experimental ainda termina com "Norwegian Wood" uma versão da música dos Beatles tocada com cítaras... Disco raro, que só encotrei num sebo do Recife há alguns anos.








The Fat of the Land - Prodigy: Inicia logo com "Smack my Bitch Up"... não precisaria de mais comentários se também não tivesse "Narayan" e "Breathe" - com Nielison e Caetano cantando num show em Campina Grande... O álbum mais dançante da década.











Homogenic - Bjork: Tive contato com Bjork anos depois através de Juliano e Laura. Mas foi esse disco que mais me impressionou (e não foi o primeiro que comprei dela). Para resumir: o disco começa com "Hunter" e termina com "All is Full of Love". Precisa dizer mais algo?













Eight Arms to Hold You - Veruca Salt: Talvez alguns não conheçam... Escutei esta banda em 1999 no extinto Lado B da MTV (ainda apresentado por Soninha) e gravei um VHS com o clipe "Volcano Girls". Passei anos até baixar o disco completo. Duas mulheres (uma loira e uma morena) com suas guitarras tocando algo parecido com grunge... Vale a pena ouvir "Stoneface".








Tidal - Fiona Apple: Foi o disco de contato mais tardio (2010). Tendo sido lançado entre 1996-1997 me soou bastante novo. Até escrevi um post aqui sobre essa menina. "Sleep to Dream" e a famosa "Criminal" valem o disco.










Ladies an Gentleman, We're Floating in Space - Spiritualized: O disco. O que olho com mais afeto. O CD em formato de caixa de remédio com bula, posologia e tudo... A música título foi a do meu casamento. A realização de um sonho. Um disco para se ouvir com calma e com os sonhos...

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

alice e a janela

"Someday, somewhere - anywhere, unfailingly, you'll find yourself, and that, and only that, can be the happiest or bitterest hour of your life." Pablo Neruda

…e alice olhava a janela

[e olhava tanto a janela

com o olho balançando de um canto

[a outro canto...

os dedos ao alcance

dos olhos...

e olhava tanto que nunca reparava:

no erro da madeira.

no erro da pintura.

no erro da moldura.

no erro da beira...

e era de lá que ela olhava

[da beira...

com a beirada do olho,

que não mexia para fora do arco.

olhando: pulava!

e assim

[todo dia

alice olhava tanto...


Saulo Feitosa, Novembro, 2010

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Ladies and gentlemen we are floating in space


(Ladies and gentlemen we are floating in space)

All I want in life's a little bit of love
To take the pain away
Getting strong today
A giant step each day
All I want in life's a little bit of love
To take the pain away
Getting strong today
A giant step each day
I've been told
Only fools rush in
Only fools rush in
But I don't believe
I don't believe
I could still fall in love with you

I will love you till I die
And I will love you all the time
So please put your sweet hand in mine
And float in space and drift in time
All the time until I die
We'll float in space, just you and I
And I will love you till I die
And I will love you all the time
So please put your sweet hand in mine
And float in space and drift in time
All the time until I die
We'll float in space, just you and I

Baby I love you today
I guess that's what you want
And I don't know where we are all going
Life don't get stranger than this
It is what it is
And I don't know where we are all going

I will love you till I die
And I will love you all the time
Everything happens today
And we're out here in space
And I don't know where we are all going
Baby I love you today
I guess that's what you want
And I don't know where we are all going...

em 14 de Julho de 2010, mais um passo em direção ao meu lugar...

sábado, 3 de julho de 2010

Apanhador Só...



"Um rei me disse que quem deixa ir tem pra sempre.
E me contou que só foi rei porque pensava assim
tão diferente.

E eu, que andava assim tão zé,
deixei que tudo fosse e decidi olhar pra frente,
mas não vi nada.

E o rei me disse:
“A pressa esconde o que já é evidente.
Foi do meu lado que eu achei o que me fez assim
tão diferente.”

E eu, que corria assim tão zé,
deixei que tudo fosse e decidi mudar de frente,
mas não vi nada.

Não leve a mal,
eu só queria poder ter outra filosofia,
mas não nasci pra conversar com rei."


Um Rei e o Zé (Alexandre Kumpinski/Ian Ramil)

domingo, 23 de maio de 2010

Erreur


Talvez porque eu mesmo

me engane:

não reconheço teu corpo;

não vejo teu esticar de pernas

[chocando-se contra as minhas

não te encontro dentro do nosso acordar.


Talvez porque eu tenha dormido demais

Tenha sonhado tão pouco

Tenha acordado tantas vezes

[não te reconheço em nossa mesa


Talvez porque isso tudo não exista:

Não sinto o cheiro do teu banho

o peso das tuas mãos

as cores do teu vestido:

O barulho do teu sorriso...


Talvez porque tenhas ido,

enganado eu siga meus passos,

atingindo cada instante

com a incerteza do próximo.


Saulo Feitosa, Abril, 2010